quarta-feira, 21 de outubro de 2009

TEXTO DE OPINIÃO: A POLÍTICA VISTA PELOS JOVENS


Depois de protestos, vozes revoltadas, e ataques em praça pública, PS, vence.
Quatro semanas passadas das legislativas e uma das autárquicas, é possível apurar os verdadeiros vencedores, e desmistificar as verdades sobre os resultados.
A "Politica de Verdade", como intitula o PSD, valeu-lhe a esmagadora derrota, num cenário onde reuniam todas as condições favoráveis para ganhar, e ainda assim, conseguem obter um resultado semelhante ao de Santana Lopes aquando das eleições de 2005. E não, não é por a população portuguesa não gostar da verdade. Antes pelo contrário, o povo português dá primazia à verdade, não tendo votado por isso num partido que prima por transmitir a verdade que convém às elites desse "Rectângulo Ingovernável" termo que Alberto João, aquele mesmo que diz que o "País endoidou". Se pensarmos bem, percebemos porque é que uma figura destas se encontra "Orgulhosamente Só" numa ilha, separando-se até das bases do seu partido.
Nas autárquicas, o PSD deu-se como vencedor, mas eu, esperava a qualquer momento um "Especial Última Hora", onde Manuela Ferreira Leite aparecesse lendo o seu discurso de demissão. Pois este resultado não foi bom, não foi satisfatório, não foi mediano, foi medíocre. PSD perdeu 20 autarquias, e contas feitas, se deixarmos de lado as coligações (o que é essencial para avaliar com clareza os dados), o PSD fica com 119 autarquias, quando em 2005 tinha 158, e PS, fica com 131, registando dessa forma um aumento de 21 câmaras, na sua grande maioria roubadas ao PSD. Mas depois reflecti melhor e cheguei à conclusão, que o seu discurso de demissão, tinha sido o discurso de derrota do Santana Lopes, que fez o favor de fazer a caminha à Dona Manuela, que tanto insistiu em nomeá-lo para a Câmara de Lisboa contra a vontade do partido.
O CDS encheu o peito de orgulho, e não, não foi devido ao novo branqueamento dentário de Paulinho das Feiras, mas sim devido ao resultado estrondoso de dois dígitos, que há muito tempo não se via por aquelas bandas, um crescimento que se deveu em parte, ao deslocamento não só de eleitores do PS, mas em grande maioria, do PSD. Claro que já nas autárquicas a conversa foi outra, e por mais resultados que tentasse manipular, Paulo Portas não conseguiu no seu discurso encontrar uma ponta de vitória, embora bem tentasse.
Louçã, cuspiu na cara de Sócrates fazendo um discurso tão arrogante, que alguns militantes devem ter ficado assustados e pensado que estavam na sede de campanha de um outro partido que não a de Louçã, aquele senhor que se diz tão humilde. Meio milhão de votos deram-lhe a impulsão para um fracasso total nas autárquicas, onde o velho ditado do "Não cuspas para o ar, que te pode cair em cima", funcionou lindamente. Caiu-lhe em cima, e Louçã afogou-se nos seus resultados míseros, que tentou compensar com uma demonstração de humildade, que poucos ou nenhum convenceu. Resta-lhe a consolação do seu principal objectivo que era "derrotar as políticas do engenheiro Sócrates" e retirar-lhe a maioria absoluta. Porque Louçã, parece-me a mim, quer isolar-se na esquerda, e inviabilizar uma convergência de interesses PS/CDU/BE. Não está interessado em misturas e tal como o senhor Alberto João, e o exímio Oliveira Salazar deve sentir-se "Orgulhosamente Só", Só que então o senhor Louçã encontra-se na bancada com a cor errada. Devem ser problemas de daltonismo, certamente! (De salientar que essa força de mudança que é o Bloco de Esquerda, nem emprego para o Luís Fazenda arranjou.)

Jerónimo de Sousa "nem levantou os pés" naquilo que se afigurou uma derrota sem precedentes, está mais que demonstrado que até já os mais velhos começam a ter juízo. O PCP ficou parado em 1974, e os Verdes apanharam por tabela. Ninguém quer mais Álvaros Cunhais, porque precisamos de um líder que se afigure às necessidades actuais, e não um que em cada frase que diga, precise de no fim exclamar "Viva o 25 de Abril". Até Beja, nas autárquicas, rejeitou o seu partido de berço. Uma mudança de atitude no PCP, precisa-se.
José Sócrates foi o grande vencedor, numas eleições que se assemelhavam quase impossíveis de ganhar, e onde lhe foram apontadas estatísticas de derrotas estrondosas. A verdadeira política de verdade prevalece, agora com o trabalho acrescido de uma maioria relativa, à qual certamente, o PS e José Sócrates estarão à altura, restando apenas saber se a oposição se encontrará em pé de igualdade. Nas autárquicas, PS foi sem dúvida o vencedor da noite, com um crescimento de 21 câmaras, arrecadando mais de dois milhões e trezentos mil votos, quase mais um milhão que o PSD. Em Lisboa António Costa brilhou e com razão, com uma maioria absoluta histórica. Elisa Ferreira não decepcionou, mas há que falar verdade, Rui Rio não é tão mau autarca quanto isso.

Surpresas mais que positivas foram as derrotas de Avelino Ferreira Torres e Fátima Felgueiras, foi de notar que houve um "Basta!" às políticas de corrupção. Quanto a Oeiras, apesar de ser a localidade com maior nível de ensino superior, foi aquela que maior burrice cometeu, ao eleger novamente um corrupto como governante.
Depois de analisadas todas as situações, fica claro que os próximos anos de governação, dependerão em muito das próximas eleições presidenciais. PS precisa de impor um afastamento às influências soaristas, e dar lugar a um PS de Manuel Alegre, que possa fazer frente a um Cavaco Silva, distanciado do PSD e enfraquecido politicamente.
PS necessita convergir à esquerda, o que não será tarefa fácil, e, PSD necessita reorganizar-se internamente, talvez, Marcelo Rebelo de Sousa fosse indicado para isso. Os abutres já começam a pairar, resta saber quem leva o seu quinhão de quê.

Como nota final, gostaria de deixar que, Santana Lopes não aprende. Deveria ter mais bom senso para poder perceber que é melhor escolher outra alternativa. Perde legislativas, directas do PSD e agora autárquicas, qualquer dia é vê-lo candidatar-se à junta de freguesia de São Domingos de Benfica. 


A mim, resta preparar-me, porque estes próximos dois anos, vão ser os melhores que críticos políticos poderão viver, e disparates, vai ser vê-los saltar em todo o jornal e revista, é melhor ir já economizando, e no fim construo um álbum de anedotas.
João Coelho, 12.º A

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