sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A culpa é dos carrosséis

     20h:53min, 4 de Fevereiro de 2010. Não passam ainda quinze minutos das declarações do Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos sobre a alteração da lei do endividamento das regiões autónomas, quando dou por mim a dissertar sobre este assunto que tem feito manchetes na última semana, e vendido, como se bilhetes de uma nova obra cinematográfica de James Cameron se tratasse.
     O circo montado em volta desta que apelidaram como “grave crise política nacional”, parece frágil como aquele em Lisboa que há dias viu as suas bancadas colapsarem, a diferença é que neste, armado pela comunicação social, não se paga bilhete, e nem existe o risco de nos magoarmos realmente (infelizmente as estações de televisão pública tiram todos os extras divertidos). O que na realidade existe, é nada mais, nada menos, que uma irresponsabilidade tremenda dos partidos da oposição, que nos continuam a oferecer aquilo com que deles sempre pudemos contar: uma mão cheia de nada.
     Fiquei de pé atrás com a comemoração dos cem dias de governabilidade, pois apercebi-me, que aqueles cem dias não tinham oferecido tempo suficiente para a oposição nos presentear com toda a sua má vontade e sofreguidão de poder, que chega agora por altura de Carnaval, época que faz jus aos partidos políticos que proclamam fazer parte de uma oposição séria, mas que não conhecem na realidade o significado da dita cuja expressão.
     A lei do endividamento das regiões autónomas, vem de si demonstrar o quão ressabiada é esta camada política que não consegue admitir que perdeu o ciclo eleitoral, e que por isso, deveria remeter-se ao seu devido lugar, que explicado em termos leigos se trata apenas de não estragar a boa governação dos outros.
      Numa altura em que o défice nas contas públicas toma proporções avassaladoras, é impensável sequer aumentar a despesa com leis como esta, que não passam de joguinhos políticos, feitos a pensar em encher o bolso a mais alguns. Não percebo como partidos de nobres valores (diria mais, próprios paladinos da moral e da verdade!) como o CDS e PSD, que lutaram afincadamente numa guerra de sinónimos para o casamento homossexual, venham agora conjuntamente com a restante esquerda da oposição querer fazer aprovar uma lei que prejudica todo o povo português, em detrimento dos habitantes das regiões autónomas que já se encontram beneficiados como por exemplo no caso da Madeira, que possui IVA reduzido relativamente ao restante continente.
      O que realmente interessa é fazer aprovar uma lei que provocará  o aumento da despesa pública, numa altura em que Portugal é comparado à Grécia, sofrendo quedas na Bolsa vistas apenas na altura do inicio da crise económica mundial. Estou seguro de que estes partidos estarão apenas a ter em conta o supremo interesse da nação. Quem não percebe isso?
      Amanhã  esta lei será votada, mais que provavelmente aprovada com a irresponsabilidade conivente dos líderes partidários que constitui esta sábia oposição, que parece não ter entendido o recado do conselho de estado.
      Enquanto isto, o mundo gira e os carrosséis estão parados, o país abana e o Cavaquinho na pacatez do costume, passeia-se por Penamancor e come uma fatiazita de bolo-rei, enquanto diz: “Eu tenho esperança!” (Que ainda haja mais bolo-rei guardado para o fim da viagem?). É um Presidente da República que apenas demonstra as aptidões natas de uma pessoa que representa bem a cor do seu partido. Como diz uma grande amiga minha: São coisas da life.
      Feliz ou infelizmente, o meu voto já contará nas presidenciais. Pode ser que nessa altura a Alegria surja. 
                                                    Texto de: João Coelho

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